(re)Construir Confiança no Casamento
- Thais Juchem
- 7 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Confiança é a base de um relacionamento! Provavelmente você já ouviu esta frase na sua vida? E enquanto psicóloga clínica, especialista em terapia de casal, eu concordo 100% com esta afirmação.
A confiança em um relacionamento é construída nos menores e insignificantes momentos. Confiança é uma pergunta inconsciente que fazemos a nós mesmos: "esta pessoa está aqui por mim?".
Eu quero te apresentar como de fato a confiança pode ser (RE)Construída dentro de um CASAMENTO, que passou por algum tipo de trauma.

Sem delongas, vamos lá:
Muitas pessoas sofrem com a dificuldade em (RE)construir a confiança no cônjuge após um evento no casamento que trouxe ruído na confiança. Primeramente eu quero diferenciar traição de infidelidade. Trair a confiança envolve escolher não se conectar quando a oportunidade está lá.
Você trai seu cônjuge quando toma decisões sozinhos, quando não comunica o que te incomoda, quando ignora os sentimentos do outro, quando faz coisas e esconde.
A primeira coisa que eu penso ser necessário para (re)construir confiança após um trauma é balancear as expectativas de ambas as partes. Tanto de quem traiu a confiança, quanto de quem se sentiu traído.
E quais expectativas são essas? De que aquele primeiro casamento que foi vivido antes do trauma, nunca mais voltará. A mesma coisa para nós, no nível individual, após cada experiência que vivemos, nos transformamos, nunca voltamos a ser quem um dia já fomos.
E isso não é algo ruim, entretanto, quanto mais você tenta voltar, mais frustrada você acaba ficando. E aquela sensação de que nunca irá superar este trauma se fortalece.
Recentemente eu ouvi um podcast sobre a plasticidade cerebral, é a capacidade que o cérebro possui de se modificar de acordo com a necessidade, estímulo e ambiente.
O nosso cérebro tem uma habilidade incrível de se modificar, de construir novos caminhos, para facilitar nossa. E o que isso tem haver com confiança?
Quanto mais após um trauma você revisitar as memórias sobre esse trauma aconteceu, é como se você estivesse vivendo a mesma experiência repetidamente e quanto mais você revive esta memória, você está treinando seu cérebro que esta memória é importante e assim ele vai criar caminhos cada vez mais rápidos para você acessar essas memórias traumáticas.
Então é para fingir que nada aconteceu? Definitivamente não! Mas caso for revisitar alguma memória, seja intencional, pergunte para si mesma o que eu preciso aprender disso? O que eu preciso da outra pessoa para reconstruir confiança?
Eu vou focar em 2 pilares da confiança dos 7 que trabalho com casais na terapia.
Quando falamos do processo de (re)construir confiança, não podemos focar só no que o outro que acabou traindo a minha confiança precisa fazer, mas o que eu precisarei fazer por mim e pelo relacionamento para voltar a ter paz.
É impossível viver se sentindo insegura, como se a qualquer momento algo ruim possa acontecer, isso acaba nos deixando mais ansiosos.
Então primeiramente é necessário ter uma conversa séria sobre limites e escrever um novo contrato sobre a relação. Contrato sim, pois facilita ambos na relação estarem cientes dos limites um do outro e os limites do relacionamento.
Cada relacionamento, casamento deve estabelecer seu contrato único e para isso é necessário conversas, diálogos, compreensão e empatia.
Muitas vezes o que eu percebo que é um erro nos casamentos é achar que existe um senso comum sobre limites. Como se todos casamentos fossem iguais e isso pode gerar frustração, pois não comunicamos nossos limites, por achar que, de acordo com o senso comum, o outro deveria saber disso.
Eu vou apresentar algumas perguntas para serem pensadas nos limites necessários para a (re)construção da confiança após esse trauma.
1- O que eu preciso da outra pessoa? Quais atitudes irão ajudar nessa construção de confiança e quais não?
Ex: Eu preciso de transparência! É uma necessidade e como transformar isso em limites?
Em relação às questões financeiras. Um dia da semana vamos sentar e organizar nossos gastos semanais. Fazer uma planilha e olhar o extrato dos cartões.
Outro limite: qualquer compra acima de 100,00/200,00 precisa ser conversada antes.
A ideia é impedir compras por impulsos. Caso a pessoa não esteja conseguindo controlar seus impulsos, uma estratégia é evitar que essa pessoa tenha um cartão de crédito.
Um segundo pilar que quero aprofundar aqui é sobre o "Não Julgamentos".
Após um trauma é comum julgarmos o outro pelo erro, se eu fortalecer as conexões de julgamentos sobre o passado o tempo todo, isso é tudo que enxergarei.
E você tomou a decisão de tentar reconstruir a confiança, quando você se ver diante de pensamentos sobre julgamentos sobre a outra pessoa, se pergunte:
Qual a função deste pensamentos? A pessoa se responsabiliza por seus erros? Ela se arrependeu? Está buscando melhor?
Para adquirir essa habilidade de contestar seus pensamentos de forma natural, primeiramente você precisa fazer de forma mais forçada.
E como fazer isso? Todos os dias a noite faça uma autoavaliação sobre si mesma, sobre seus sentimentos e pensamentos.
Tenha um diário e faça anotações! Assim você começa a reprogramar seu cérebro para buscar por soluções para seus estados emocionais e não julgando e removendo o passado que não pode ser alterado.
O foco sempre deve ser: O que eu preciso hoje para me sentir mais segura?
Yorumlar